O Centro de Desenvolvimento
Sustentável do Semiárido – CDSA da UFCG esteve representado pelo professor
Irivaldo Oliveira na “4ª Conferência Internacional da Rede de Pesquisadores
Waterlat”, realizada em Buenos Aires, no período de 22 a 25 de outubro. O tema
do evento foi “Territorialidade e Água”.
Na ocasião, o professor apresentou a
pesquisa que está realizando junto ao seu curso de doutorado e que se
encontra em processo de finalização. Ele também participou das reuniões
internas da rede de pesquisas que abrange a América Latina, Estados Unidos,
Canadá e Europa.
O evento foi realizado na
Universidade Nacional de General Sarmiento, na região Metropolitana de Buenos
Aires, e na Biblioteca Nacional, no bairro de Palermo, na Capital Federal.
Trata-se de um evento restrito a pesquisadores e alunos de graduação e
pós-graduação na área de Ciências Sociais e Engenharias. Este ano, o evento
tratou de problematizar as diversas temáticas relacionadas como a gestão de
águas no mundo, visando mapear os conflitos existentes e qual o grau de
avanço das pesquisas existentes.
A Pesquisa - Sobre a pesquisa destaca
o professor: “É preciso avançar na compreensão de como ocorre a incorporação
de elementos dito ambientais, ou de proteção e defesa ambientais, em projetos
considerados de segurança hídrica como a transposição do rio São Francisco.
Como esses projetos são desenhados, sob que concepções ou marcos teóricos, de
modo a se compreender onde se pode chegar com esses projetos, fazendo as
seguintes perguntas: para quê? Para quem? Isso é importante na medida em que
auxilia na problematização desses projetos que prometem resolver problemas
seculares como a escassez de água na Região Nordeste do Brasil, quando se
sabe que há certa regularidade hídrica nessa região. Que tensionamentos
podemos verificar na internalização do meio ambiente nesses projetos. As
explicações acerca dessas questões são mais de acordo com a teoria da
modernização ecológica que acaba vendo no rio e em seu manejo através da
transposição uma possibilidade de aumentar o desenvolvimento/crescimento da
região”. Enfatiza, também que “ainda não há uma compreensão clara acerca do
significado dessas mega obras em regiões como o semiárido brasileiro”.
A rede de pesquisa Waterlat - A rede
é formada de pesquisadores da América Latina e do Norte, do Caribe, e da
Europa, sob a coordenação do professor Eseban de Castro da Universidade de
New Castle (Reino Unido) e tem vínculos com a comunidade de pesquisas
GOBACIT, um grupo mais abrangente que inclui também colaboradores na África e
na Ásia.
De acordo com o professor, embora os
associados principais da rede Waterlat sejam cientistas sociais, devido à
natureza de nossos problemas de pesquisas, também incorporamos como
colaboradores associados hidrólogos, engenheiros, peritos em saúde e colegas
de outros campos do conhecimento que fossem relevantes para o projeto.
“A Waterlat se propõe a dar uma
contribuição ao avanço no estágio atual em um campo que, em termos amplos,
poderíamos definir como o da ecologia política da água. Esta é uma estratégia
inovadora, já que, tradicionalmente, as pesquisas sobre a água têm sido
dominadas principalmente pelas disciplinas técnico-científicas com uma
contribuição muito limitada por parte das ciências sociais”.
“Em geral, a relativa falta de
atenção às dimensões ecológica e ambiental nas ciências sociais foi e
continua sendo assunto de debate acadêmico, e nós nos propusemos contribuir
com o mencionado debate, utilizando os processos sociais relacionados com a
gestão da água como base empírica de nossa reflexão”.
No marco de nosso interesse
intelectual por uma ecologia política da água que atente para a dimensão
histórica, nosso enfoque visa a dar prioridade a problemas de pesquisa que
tenham alta relevância para a comunidade internacional. Em particular, nosso
ponto de partida é assumir que os obstáculos mais importantes que se
enfrentam, quando se tem a intenção de alcançar as metas de desenvolvimento
global em relação com a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos e com a
redução da desigualdade e da insegurança no acesso à água, não são de caráter
físico-natural nem técnico. Não é que o nosso enfoque desconheça a
importância da dimensão técnico-científica na gestão da água, e sim que
partimos do pressuposto de que a falta de sustentabilidade dos ecossistemas
aquáticos e da desigualdade e injustiça relacionadas com o acesso à água não
são o resultado da escassez hídrica, da falta de conhecimento científico e
técnico, nem da carência de soluções tecnológicas. Pelo contrário, afirmamos
que as assimetrias no acesso aos benefícios da água e no sofrimento causado
por calamidades de origem hídrica derivam principalmente de processos de
caráter socioeconômico, político, cultural e institucional, incluindo-se aí a
formulação de e implementação de políticas públicas”.
A rede tem como objetivos
estratégicos contribuir com o debate teórico e metodológico relacionados com
a pesquisa de temas sobre a água nos campos da sociologia ambiental e do
desenvolvimento da geografia urbana, das políticas públicas, da economia
ecológica e da economia dos serviços públicos; consolidar uma rede
internacional de pesquisas dedicada ao estudo das condições e requisitos para
o desenvolvimento de uma gestão sustentável e democrática da água nas condições
específicas dos países da América Latina e do Caribe e; contribuir para
melhorar as condições que permitam um maior grau de êxito, em nível local,
para ter sucesso em avanços concretos com relação aos objetivos de
desenvolvimento da comunidade internacional, em particular as Metas de
Desenvolvimento do Milênio.
Mais informações sobre a rede poderão
ser conseguidas no site www.waterlat.org
Postagem Paulo Hilário
(Bolsista do PET-CDSA)
Informações de Rosenato Barreto
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